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Imagem: Reprodução / Redes Sociais |
Os deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) entraram com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o procurador da República Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná. Dallagnol anunciou no domingo de Páscoa que iria fazer jejum durante o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF).
Acompanhe o julgamento do habeas corpus de Lula:
“Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava-Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”, escreveu Dallagnol no Twitter.
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Segundo os deputados, na peça protocolada na terça-feira, Dallagnol infrigiu o Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União. Eles dizem que o procurador, "ao fazer proselitismo político religioso nas redes sociais" infrigiu dispositivos do código.
Pimenta e Damous argumentam que o procurador infrigiu artigo sobre "imparcialidade no desempenha de funções".
"III. Atuar com imparcialidade no desempenho das atribuições funcionais, não permitindo que convicções de ordem político-partidária, religiosa ou ideológica afetem sua isenção", citam.
Os deputados dizem ainda que o procurador é "um intenso usuário de redes sociais" e que "lança os mais diversos comentários" em suas contas públicas de Facebook e Twitter "como se fosse um influenciador digital, com atuação semelhante à de youtubers e blogueiros".
Os petistas pedem que seja instaurando um processo disciplinar para apurar o caso e, caso seja cabível, aplicado a penalidade prevista em lei.
Procurado pelo jornal O Globo, a assessoria de imprensa do MPF do Paraná informou que não irá se pronunciar.
Deltan Dallagnol dividiu opiniões ao anunciar que faria jejum e orações durante o julgamento do habeas corpus de Lula. Em entrevista à rádio "Jovem Pan", ele rebateu as críticas de militantes que discordaram da suposta mistura entre religião e política.
"Expressar sua fé faz parte da liberdade religiosa e de expressão. Promotor, procurador não deixa de ser cidadão. Me expressei em rede social pessoal", destacou Deltan, que se identifica como "seguidor de Jesus" em sua conta no Twitter.
Deltan é um dos mais de 6.000 integrantes do Ministério Público que, aliados com representantes do Judiciário, protocolaram uma nota técnica em favor da prisão na segunda instância. Nesta quarta-feira, por ocasião do julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Lula, já condenado nas duas instâncias, a alta Corte avalia se o cumprimento da pena deve aguardar o fim de todos os recursos. Uma decisão favorável aos réus — diferente do entendimento do STF de 2016 — arrisca colocar em xeque, segundo o procurador, os quatro anos de trabalho da Operação Lava-Jato e garantir a "impunidade sistêmica".
"Estamos prestes a jogar tudo o que foi feito no lixo por meio de uma mudança de entendimento que vai continuar a impunidade (…) Se o Supremo impedir [a prisão após segunda instância] vai impactar não só a Lava-Jato. Não tem motivo para mudar entendimento. Se mudar essa regra vai ser um marco de impunidade. Vai soltar corruptos, traficantes, pedófilos. E não é alarmismo", ressaltou Deltan, na entrevista.
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Marta Szpacenkopf e Rayanderson Guerra
O Globo
Editado por Política na Rede
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